Os pássaros não cantam para deleitar os ouvidos humanos ou
tornar mais sonora a natureza, mas para defender seu território de intrusos e
conquistar suas fêmeas. Os ornitólogos sempre souberam disso. Não sabiam,
porém, que a maneira como esses cantores alados aprendem suas árias complexas
lembra, incrivelmente, o aprendizado da fala nos humanos.
Os pássaros, dizem, possuem dialetos com sotaques tão
distintos, dependendo de sua origem, quanto às diferenças de pronúncias entre
paulistas e cariocas. Um pássaro residente no Estado de Ohio – na costa leste
dos Estados Unidos – por exemplo, canta mais rápido do que seu primo da
Flórida. Os biólogos notaram ainda que algumas aves, como os pardais de crista branca, que vivem em regiões de fronteira entre dois dialetos, são bilíngues,
ou seja, cantam com o sotaque de seus dois vizinhos.
As aves têm que ter aulas para aprenderem a cantar como as
crianças aprendem a falar, por influência da hereditariedade e da experiência.
Como os bebês, eles balbuciam o canto, quando filhotes. E emitem gorjeios
durante vários meses, improvisando algumas notas e tentando imitar os tons dos
mais velhos. Ao cabo de um ano, reproduzem o repertório de sua espécie para o
resto da vida.
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